O sabor mineiro de dona Terezinha
Ela dá a dica da boa comida mineira em Pará de Minas
Por Luciano Almeida
A cozinha mineira encanta não somente porque é a mais característica do Brasil, mas sobretudo porque é feita de pratos ricos em sabor e cheios de histórias próprias. São histórias bem brasileiras que remontam à época dos escravos, o ciclo do ouro, das pedras preciosas e que nos falam de cidades importantes como Ouro Preto, Diamantina, Sabará e outras, onde se escreveram muitas páginas da história brasileira.
A preparação desses pratos em ambientes modestos e com poucos recursos, termina por despertar um espírito criativo, seja nas misturas dos ingredientes, seja nos seus temperos, dando lugar assim a uma cozinha típica, muito rica e bem variada. O prato "feijão tropeiro", por exemplo, era feito pelos homens encarregados do transporte do ouro desde as minas até a capital do país e era justamente nas paradas feitas durante a viagem que eles preparavam este prato duma maneira bem simples.
A cozinha mineira é toda baseada nos produtos de fundo de quintal, o porco, a galinha, o quiabo, a couve, o fubá. Por isso mesmo, é simples mas de um sabor inigualável e marcante. Está intimamente ligada à cultura do povo que a iniciou através das cozinheiras das grandes fazendas.
Em Pará de Minas, dona Terezinha Arruda, faz parte dessa tradição de Minas. E ela dá a dica para se preparar um bom prato mineiro. “Primeiro tem que se fazer com amor. É o principal. Depois, escolhermos tudo do próprio quintal. Aqui, nesse pequeno sitio, tenho galinha caipira, planto quiabo feijão, milho e uma enorme orta. Um frango com quiabo e angu da minha cozinha é todo de coisa daqui, nada de supermercado”, ensina.
A Cozinha Mineira seduz principalmente pelos aromas. E eles nunca saem da memória de quem já sentiu a sua presença no olfato de um lombinho crepitando no forno, de um feijãozinho imerso em temperos, do torresmo saltando em pururuca numa velha travessa de ferro, da linguiça que toma forma com seu principal tempero, a paciência, e onde as panelas aguentam horas sobre o calor para que as carnes se impregnem de sabores e liberem os aromas que calam fundo na memória de alguém que, algum dia, caminhou pelas ruas de uma cidade do interior mineiro. “Tudo é feito no fogão a lenha, em longo tempo. Eu e a Lucinha (sua secretária doméstica, como ela mesma a chama), começamos um almoço às 9 horas para terminar ao meio dia. O cheiro sai pelas ruas e as pessoas comentam na varanda. 'Hoje tem tropeiro né dona Terezinha', ou 'o almoço hoje leva aquela pimentinha'”, conta dona Terezinha